segunda-feira, 4 de abril de 2016

EU QUE SABIA DE TUDO / AGORA NÃO SEI DE NADA

Hoje me encontro perdido
Numa incerteza danada
Eu que sabia de tudo
Agora não sei de nada
Eu que andava sumido
Vagando na madrugada
Bebendo luas vadias
Deixava a lua cansada
Dormi na Praça do Lido
Eu que já fui de virada
Um corpo deitado na rua
O copo e a mão na calçada
Minh ‘alma havia partido
De forma desesperada
Correu pra nossa varanda
Foi lhe esperar na escada
Naquela curva da vida
Onde se fez encantada
Como era jovem minh ‘alma
Não tinha sua alma abalada
Um tanto quanto sofrida
Sentindo-se abandonada
Partiu deixando esse corpo
Nessa incerteza danada
Expondo a velha ferida
Que imaginava curada
Eu que sabia de tudo
Agora não sei de nada

Meu corpo então desprovido
De sua alma penada
Levanta e sai caminhando
À procura de uma cruzada
Algo que lhe dê sentido,
Lhe faça esquecer sua amada
Ao menos por mais um dia
Ou enquanto estiver na estrada
E que permaneça contido
O choro na face marcada
Pois homem que é homem não chora
Sorri com a cara lavada
Como tivesse vivido
A vida que foi combinada
Sem tombo, sem pedra, sem vício
E tudo na hora marcada
Ao tempo faço um pedido
Quem sabe a sorte lançada?
Queria rever minha alma
A que me foi separada
Não posso ser estendido
Nem posso pensar em parada
Disse-me o tempo apressado
Voltando à noite passada
E hoje me encontro perdido
Com minha certeza abalada
Eu que sabia de tudo
Agora não sei de nada

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