quinta-feira, 30 de julho de 2015

MEU PICADEIRO

No picadeiro
Descobri a minha essência
Foi a maior experiência...
Deixo assim na reticência
Para fluir a poesia

A brincadeira
Tinha muita sapiência
Um pouquim de saliência
E entre Deus e a ciência
Eu vim de Gandhi da Bahia
 
Que nada existe
Mais danado que o baiano
E assim que abriu-se o pano
Contei logo o meu engano
De poeta adulterado
 
O Messiê
Não esperou nem outro ano
Dirigiu-se ao insano
E de um modo mei profano
Disse, teje contratado
 
Meus coleguinhas
Todos logo levantaram
Aplaudiram e gritaram
Os de Paris também vibraram
Mas Messiê ninguém engana
 
Eu gostei muito
Dessa sua honestidade
Eu senti muita verdade, má...
Como fosse uma entidade
Desafiou-me o sacana 

O senhor
Já mandou o seu recado
E já foi té contratado
Mas decida-se viado
Se quer vir como artista
 
Nessa hora
Eu gelei ali no canto
E o meu maior espanto
Era, como ele sabia tanto
Coisa que não estava à vista
 
Mas tudo bem
Aceitei o desafio
Na barriga aquele frio
Cantei com o maior brio
Mas eu não lhe fiz contente
 
Perguntou-me novamente
Quer entrar ou não, poeta?
Por enquanto, isso aí tá uma merda
Cante de maneira certa
Com a alma e não com a mente
 
Eu achei que fosse força
E botei mais energia
Rasguei minha fantasia
Fiz até coreografia
Mas não convenci ninguém
 
Então o mestre me falou
Seu lalaia eu já entendi
O seu samba é bom, já vi
Mas pra artista entrar aqui
Só dando tudo o que tem
 
Nada menos do que isso
Vou te dar uma outra chance
Daí ele fez aquele lance
Quase que eu entrei em transe
Com as palavras ao ouvido
 
Canta agora, vai seu puto
Pensa na saudade dela
Que esse samba foi pra ela
Que seu barco esta sem vela
E o seu leme está partido
 
Canta com esse sentimento
Use isso ao seu favor
Que aqui só tem amor
Poe pra fora essa dor
E tudo aquilo que incomoda

E resumindo
Foi aí que eu arrebentei
Como artista embarquei
E se hoje eu pertenço à LEI
É porque o Messiê é Foda

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