terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O RETORNO DA AMIGA

Um amigo um dia me disse
Que amizade é para sempre
Não importa a distância
O motivo da ausência
Não importa a incoerência
De se querer afastar
A pessoa que te cativou
Será eterna, será aquela
Que se apropriou do seu lugar
Um lugar que era dela
Aguardando ela chegar


Eu tenho uma cadeira vazia
No fundo do meu coração
Seu nome foi cravado nela
Mas você não quis sentar
Observou o objeto
Alisou a superfície
Verificou o material
Certificou-se de que era sua
Mas você não quis sentar
Mudou a cadeira de lugar
Chegou um pouquinho para o lado
Melhorou o ângulo de observação
Deu seu toque particular
E partiu...


E se passaram anos
Ocupou diversas cadeiras
E abandonou algumas
Que já não acomodavam
As dores impostas pelo tempo
Pois cadeira é assim
Tem de ser confortável
Quando gostamos muito de uma
Tentamos de tudo
Mudamos de posição
Ajeitamos a coluna
Ficamos eretos ou nos deixamos largar
Até que aceitamos
Aquele objeto não atende mais
As necessidades do nosso corpo
E a alma a liberta
Mas ela é sua
Seu nome está lá
Assim como o molde do seu corpo
Ninguém conseguirá se adequar a ela
Ficará vazia para sempre
Esquecida num canto qualquer


Eu tenho uma assim
Estava lá atrás
Na bagunça do meu coração
Embaixo de um lençol velho
Que não pôde protegê-la
Da sujeira trazida pelo tempo
Mas ela estava lá
Quando levantei o pano
Foi poeira para tudo quanto é lado
De cara vi seu nome nela
E me pus a espanar
Que cadeira linda
Robusta e macia
Como deve ser toda amizade
Lixei algumas partes
Envernizei-a todinha
E todos os dias passo um paninho
Ela é toda sua
Pode se sentar

2 comentários:

Rvasconcellos disse...

Muito lindo!!!!!
Conheço esta cadeira.
Grande beijo

Nelson Borges disse...

É sua!