Ficava quase no final da rua. Tinha um muro baixo e largo fácil de pular, dava para ficar em pé e correr sobre ele para tentar pegar alguma pipa voada, dava para ficar sentado durante horas jogando conversa fora com a rapaziada e dava para pular de uma só vez colocando a mão em cima dele e jogando as pernas para o outro lado quando a bola caía lá dentro.
Não tinha cachorro. Seu Edgar saia cedo para o trabalho e só voltava tarde da noite. Tinha uma mangueira imensa logo após o muro que devia estar no alto da sua maturidade dando manga do início de outubro até o final de maio. A gente começava pegando aquelas que ficavam do lado de fora, depois subíamos no muro e pegávamos mais um bocado e quando íamos ver já estávamos do lado de dentro fazendo a cata em todas que já estivessem maduras. Pensando bem, o diacho da mangueira que ia buscar a gente lá fora e nos colocava dentro do quintal do seu Edgar.
Quando não era época de manga tinha fruta-do-conde, jenipapo, jaca, tamarindo e jamelão nos chamando lá para dentro. E se não era época de fruta nenhuma nós usávamos as árvores apenas como esconderijo no pique esconde ou no polícia e ladrão de todo final de tarde. Seu Edgar ainda mantinha uma torneira em bom estado perto do portão que servia para matar a nossa sede nos intervalos das partidas de futebol.
Eu passei muito tempo dentro daquele quintal, pensando bem, acho que o seu Edgar fez aquele quintal para gente, pois eu nunca vi nenhum filho ou neto brincando por ali. Na verdade não me lembro sequer do seu Edgar, acho que nunca o vi realmente, acho que ele nem existia. Só existia aquela casa que nós aprendemos a chamar de casa do seu Edgar. Que saudade do seu Edgar...
11 comentários:
Muito legal!! Adorei dá saudades das árvores que subi quando era crança.Bjs, Renata Angélica
Adorei, meu amor. Viagem no túnel do tempo. Muito legal!
Coitado do Seu Edgar...
:-D
Você demorou muito para atualizar o blog, não?
Beijos
Oi Rê,
Como era bom subir em árvore, hein?
bjs
Minha linda,
O menino e a Rua;
Pão, leite e mortadela e
A casa dos seu Edgar
vieram do mesmo lugar na memória.
Beijos
Surgiram rápido minhas lembranças... é um dos poderes de um bom conto.
Abç!
Valeu o elogio Cristiano,
Abraço
Pai você é incrivel. Adorei quando você falou que nunca conheceu o Seu Edgar!
Você tem muito talento!
Beijão!
Minha linda,
Você é o meu maior talento.
Eu te amo!
Oi Nelson, que narrativa primorosa. Me deu saudade do tempo que roubava mangas e jamelão no sítio da D.Elvira, vizinha da minha avó.[rs]
Mas ela era a D. Elvira mesmo.Ela existia e corria atrás das crianças.[rs]
Tão bom ter infância, não é? Bem diferente de algumas crianças de hoje que vivem presas em apartamentos. Sem contar os que são explorados nas fábricas, no campo, e aumentam a triste estatística do trabalho infantil.
Parabéns, lindo seu conto!!
Um abração pra você e pra família.
Que bom te rever por aqui, Lau!
beijos
Pra marcar minha presença e deixar meu toque pessoal, fiquei imaginando,quantas outras lembranças e descobertas fazem parte desse quintal? rsrsrsrsrsr
Abraços NELSU.
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