terça-feira, 1 de dezembro de 2009

EU, MEU PAI E O FLAMENGO.



Em 1981 eu tinha dez anos de idade e comecei a gostar de futebol; quer dizer, gostar eu já gostava, aliás, todo menino, antes mesmo de aprender a falar aprende a chutar uma bola. Basta começar a dar os primeiros passos que do nada, como se fosse mágica, como se fosse algo ligado ao próprio desenvolvimento natural do menino, assim como a fimose, ela surge, de todas as cores, pesos e texturas possíveis, serelepe e alegre quicando na frente daqueles primeiros passos cambaleantes.


Mas, no início da década de 80 eu fui pela primeira vez ao Maracanã e não foi para ver o Papai Noel. Foi para assistir uma partida de futebol profissional. Foi para ver um "jogo no Maraca". Foi para ver o melhor time do mundo daquela época jogar, o time do Flamengo. Não lembro qual foi o jogo, mas lembro que a partida estava chata. Meu pai ao perceber a minha inicial desanimação falou. Tomara que o Flamengo leve o primeiro gol. Que isso pai! Tá maluco? Aí você vai ver o que acontece.


O Flamengo tomou um gol. Eu ameacei ficar triste por causa do meu pai, mas quando olhei para o lado vi que ele não estava aborrecido, nem ele e nem ninguém que estava ao nosso redor na arquibancada, pelo contrário, as pessoas estavam mais animadas e começaram a cantar hinos e canções como se já pressentissem alguma coisa. E algo aconteceu.


A segurança e a confiança que a torcida tinha naquele time era sentida e transmitida por cada centímetro de concreto do estádio. Ela percorria o gramado, fazia vibrar as pernas dos jogadores  e chegava ao coração que, naquele momento, passava a bater no ritmo daquele canto, bombeando sangue no compasso determinado pela paixão de cada torcedor ali presente. E o jogo se transformava numa dança mágica de passos impossíveis com passes improváveis e gols inimagináveis.


Alguns minutos indescritíveis na vida de um menino. Aquele momento em que você passa a ser torcedor do seu time não mais por vontade do seu pai ou dos seus parentes e amigos mais próximos, mas sim porque ele te conquistou, para sempre. Como no hino - “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”.


A partir daquele jogo eu comecei a acompanhar futebol, no rádio, na televisão e no jornal. Ganhei camisa, short e bandeira. Comprei o álbum e troquei as repetidas. Via uma felicidade peculiar nos olhos do meu pai que depois ainda tentou, em vão, me fazer gostar de pipa, bola de gude e balão. Mas eu gostava mesmo era de bola, de jogo de futebol e do time do Flamengo.


Em tempo:


1. O Flamengo se tornou Campeão do Mundo naquele ano.


2. Meu pai ainda tentou me ensinar a jogar “botão”. Eu aprendi e coloquei fotos e nomes nos meus jogadores.


Leandro, Raul, Mozer, Figueredo, Andrade, Junior, 
Lico, Adílio, Nunes, Zico e Tita.


Os mesmos da foto lá de cima.


Até

4 comentários:

Eduardo Goldenberg disse...

E tenhamos todos uma semana quietos e em compasso de espera. Todo cuidado é pouco. Saudações rubro-negras!

Nara Camara disse...

Pai o que você escreveu me deixou com mais vontade de ir ao Maracanã assistir um jogo da Flamengo com você!
Você é o melhor!
Te amo !
Nara!!!!!!

Elika Takimoto disse...

Essa conversão religiosa é interessantíssima. O aceitar de coração um time é comparável a uma crisma, onde reafirmamos o batismo feito antes, por vontade dos nossos pais.

O texto consegue passar a emoção desse momento claramente e nos faz perceber que é um caminho sem volta. Sabe Deus o por quê. A parada é mesmo espiritual.

Acho que Domingo vou realizar meu sonho de andar pelada no meio da rua.

:-D

Grande beijo e boa sorte!

PS. Nara se supera...

Fábio disse...

Saravá meu amigo, cheguei aqui por indicação de uma amigo seu e ja estou bebendo dos posts rs..Qdo e c der visita meu blog www.ecosdotelecoteco.blogspot.com Forte abraço e sucesso..