sexta-feira, 4 de novembro de 2016

DE ILHA EM TORNO DO MAR

Foi num desses dias claros
Desses de sol de primavera
Depois de tão longa espera
Que ela se encontrou no mar


Pois sempre acabava n’água
Não importava a trilha
Aí que ela entendeu, sou ilha
Dessas difíceis de alcançar


Por isso que resgato náufragos
Por isso que a passagem é breve
Por isso que ninguém se atreve
A morar neste meu lugar


Agora tudo faz sentido
O beijo sempre aventureiro
A fuga feito prisioneiro
O desespero de não se afogar


E a ilha terminava sempre sozinha
Sei disso porque vivo nela
E vejo da minha janela
Quem chega e quem volta pro mar


Cheguei aqui há algum tempo
Vim num vento maroto
E mesmo eu sendo garoto
Resolvi a ilha explorar


Acabei encantado com ela
Seus montes, nascentes, riachos
O sol por detrás dos seus cachos
Que eu acho que vim pra ficar


Ela também me venera
E quando alguém vai embora
Eu corro pro lado de fora
Prontinho pra gente brincar


É quando mergulho nas ondas
É quando eu corro na areia
Até que alguma sereia
Vem pra esses lados de cá


Daí ela perde o seu rumo
Fica toda boba e contente
Pensando que é continente
Esquece que é ilha do mar


E cai no canto da moça
Se deixa levar livremente
E fica à deriva a demente
Arrisca até encalhar


Mas sereia é bicho ligeiro
Não fica sem ter lua cheia
Depois que a ilha incendeia
Foge pra não se queimar


Ficamos nós e as cinzas
Brincando nosso carnaval
Reescrevendo o nosso final
De ilha em torno do mar

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