Tô no miolo minha galera e vou descer cantando
Eu tô no olho e vê quem mora nesse furacão
Eu tenho a roupa e o meu rosto eu já pintei inteiro
E tenho o cheiro dessa gente que eu peguei a mão
Eu aprendi e já não quero mais viver sozinho
Eu quero a força, quero aplauso e quero a multidão
Eu quero a rua e quando a rua for o meu caminho
Eu mostrarei a nossa história em forma de canção
Da bailarina que um dia amanheceu chorando
Que é tão menina e já passou por muitos cabarés
Arrependida por já ter se arrependido tanto
Desiludida por não ter nascido com outros pés
Do palhacinho e da briga em cima da escada
E da porrada que levou a mulher do sambista
Na outra pista tem as prima tudo abandonada
Da bicha velha que morreu querendo ser artista
Da prostituta que se vê como entretenimento
Do casamento que acabou, mas não terminaria
Da poesia que rolou só no meu pensamento
E dos meninos criticando a própria homofobia
De tanta coisa acontecendo e tudo ao mesmo tempo
De um teatro de verdade feito sem coxia
Da fantasia misturada com a realidade
E da saudade que bateu, mas isso eu já sabia
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