terça-feira, 3 de março de 2015

UM VENTO

Fui tal qual esta folha que cai
Hoje sou o vento que a sopra
Sigo meu caminho tão leve
Quanto pode ser o ar
Que nada mais sem graça
Do que um tombo seco
Que se resume em queda
E não em despertar
E não em renascer
De planta virar pedra
Já vi acontecer

Foi quando me soltei
Caindo lá de cima
Do galho mais distante
De um troco tão robusto
Que sempre duvidei
Do meu destino de folha
E só quis ao chão chegar
Mas fui logo soprado
E nesse flutuar
Disseram que eu podia
Aproveitar a brisa
Girar com alegria
Dançar, rodopiar
Pegar qualquer corrente
Voar independente
E me sentir mais vivo
Do que já fui um dia
Quando eu dependia
De alguém me respirar

Bom tempo se passou
Depois deitei-me ao chão
Ao lado de uma flor
Que conheci mais moça
Ainda no seu galho
E que desabrochou
Floriu e perfumou
Pra sempre a minha vida
A rosa mais querida
Que tanto me encantou
Rolamos na ladeira
Brincamos lá em baixo
Foi tanta saideira
Mangueira e seu tambor
Daí, viramos pó
Um só, hoje poeira
A própria atmosfera
Um vento deste amor

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