terça-feira, 19 de junho de 2012

A CHEGADA DO BOATO

Boato, nosso primeiro veleiro, chegou no sábado.

Mas, antes de qualquer coisa, um breve histórico:

Há uns dez anos ou mais, ao passar férias em Floripa, fui iniciado no mundo das velas pelo meu concunhado Sérgio; que logo na primeira lição virou propositalmente de ponta-cabeça o laser no qual velejávamos para que eu aprendesse a desvirá-lo sozinho no caso de eventualmente acontecer comigo no meio do mar. Depois me ensinou a chegar a qualquer destino sem depender da direção do vento.

Parece que eu fui um excelente aluno, pois aprendi com perfeição a fazer exatamente todos os movimentos da primeira aula, especialmente aquele em que o laser virava, e virei diversas vezes. Mas também aprendi a voltar sempre de onde sai, independentemente da vontade da natureza.

Naquele verão, além do ágil Laser também velejei num veloz e robusto Hobie cat. Abaixo algumas imagens resgatadas na internet, que encontrei por pura sorte no site de algum desconhecido que registrou por acaso aqueles meus momentos maravilhosos.

Laser...


Hobie cat...






Depois disso fiquei um tempo sem singrar os mares. 

Até que, aproveitando a facilidade que o regime off-shore me proporcionava de ter folgas de vinte e um dias, resolvi entrar num curso de vela. Liguei para algumas escolas e acabei fechando um intensivão de onze treinos, pagando apenas dez, na CL Vela da Marina da Glória, onde conheci e me encantei pelo veleiro Dingue.

O Dingue é maior e mais estável que o Laser, transporta confortavelmente 4 pessoas, tem 4,16 metros de comprimento por 1,66 de boca (largura); seu casco pesa 85 quilos e tem uma área vélica de 6,5 metros quadrados. É um barco que gosta de passeios em família.

Passados mais de dez anos que o mosquitinho da vela nos picou (Elika também velejou e adorou a experiência em Floripa), finalmente conseguimos adquirir o nosso primeiro veleiro. Um Dingue que atende pelo nome de Boato e que chegou e navegou pela primeira vez na Reserva do Sahy, em Mangaratiba, neste sábado, como foi devidamente registrado nas fotografias abaixo:


A primeira foto simbolizando nossa vitória...



Yuki veio rapidamente, como sempre, me ajudar...


Vovô Takimoto também deu a maior força...


Yuki cansou, mas ficou por ali, observando...


Elika não foi dessa vez, por insegurança minha, parece que eu já adivinhava alguma coisa, mas estava toda preparada e ficou linda nesta foto...


Boato na água. 
Estudamos o vento e preparamos a saída... 


Enquanto isso, na praia...



Tudo pronto para sair, ou quase, se não fosse pelo cabo da escota, aquela corda grossa, vermelha e branca, responsável por controlar a tensão na valuma da vela, que está colocado totalmente errado...


Vovô Cesar estava todo animado, torcendo à beça,
e o cabo da escota todo errado...


Saída atrapalhada, passando por cima das bóias...


 Fui e logo na primeira mudança de rumo percebi que algo estava errado...


...mas não me abalei, abaixei o leme e segui em frente.

Fiquei todo enrolado com o cabo da escota tentando arrancar o meu boné a todo o momento, enroscando-se nas minhas pernas, tentando se prender em alguma parte do meu corpo ou no casco do Boato. Quando isso acontece você perde momentaneamente o controle da vela, neste momento o barco adquire velocidade, vontade própria e pode virar a qualquer momento. Porém, a solução é muito simples, basta manter a calma e orçar o veleiro, girar a sua proa na direção da linha do vento que a vela começa a panejar e o barco para. Então você desprende os cabos e continua.



Quando percebi que estava lutando contra o barco e contra o vento resolvi voltar. Primeiramente achei que eu é que estava enferrujado e que havia esquecido o que aprendera. Na verdade não foi nada disso. A montagem é que foi descuidada e que me causou alguns problemas. Mas como eu disse lá em cima, quando eu tinha ainda meus vinte e poucos anos, aprendi muito bem a cair, a levantar e a trazer o barco de volta. E foi isso o que eu fiz!

Caraca, dei uma roupagem Hollywoodiana!

Já sem boné, que foi devidamente tirado por mim antes que caísse n'água, superando todos os obstáculos, voltando determinadamente ao ponto de saída... (neste ponto com música de fundo)


Cada vez mais próximo, lutando contra tudo e contra todos, na mente somente uma certeza, a de ter escolhido o barco certo. Ou será que foi ele quem me escolheu? (escorre a primeira lágrima)



Chegando ao píer heroicamente, preparando-me para retirar a bolina...


Próximo à praia, bolina totalmente retirada (música de fundo sobe para o primeiro plano)...


Ops, homem ao mar...


...mas o barco é realmente especial, chegou suavemente e ficou aguardando a minha chegada.

Na volta, tudo desmontado e minha mãe aliviada por eu ter voltado a salvo observa o Yuki apreciando um guaraná a bordo do nosso veleiro que ainda nos proporcionará muitas alegrias e aventuras.


Até a  próxima.

8 comentários:

Elika Takimoto disse...

Pois é, ainda tem outro detalhe. Três horas montando para 17 minutos no mar.

O importante é o que a gente sempre faz (quer dizer, vc nem sempre dada a sua testa enrugada e a recusa de curtir uma deliciosa feijoada no meio da montagem): se divertir.

É isso. Há um boato que agora (como sempre) a vida será uma festa!

Tâmu junto! Na vida, na morte, na terra e no mar!

Que venham mais histórias como essa!

beijo

Luciana Carvalheira disse...

Muito lindo, emocionante, desmontei com aquela foto bandeirante!!!!!!Mas como já disse, só depois de 500h de voo e respeitando a prioridade do Maza!!!!!bjs

Anônimo disse...

Valeu , Nelsinho.
Quando eu for velejar com você, vou chegar 3 horas atrasado. Assim não precisarei ajudar na montagem. Beijos.

Sergio Serpes

Anônimo disse...

Adorei!!!

Tatiana Takimoto

Nelson Borges disse...

Eka,

Num primeiro momento achei que havia acertado na ideia de ir sozinho na primeira vez, ainda mais com o problema na montagem, mas depois, pensando melhor, percebi que teria sido muito mais divertido e menos tenso se você estivesse comigo.

Da próxima você não escapa!

Nelson Borges disse...

Lu,

Também adorei aquela foto, quando eu a vi lembrei logo da foto histórica americana, e por uma incrível coinscidência, o ângulo do mastro é o mesmo.

Serginho,

A montagem demorou porque era a primeira vez, e ainda assim errei no finalzinho, mas quando você aparecer por lá já vou estar craque.

Abraços

Tá,

Quando eu estava escrevendo o texto me lembrei dos momentos de vela aí em Floripa, e tudo parecia tão simples; daí me dei conta que naquela época eu tinha uns 26 anos, agora, já nos quarenta, as coisas são um pouquinho diferente.

A minha sorte é que sempre fui um atleta.

Mas, com o passar dos anos a gente vai ficando mais prudente.

Lembra quando eu e Elika, grávida da Nara ainda, ficamos à deriva num bote inflável no meio do mar?

Que loucura...

beijos

Anônimo disse...

Nelson... essas loucuras da vida deixam uma lembrança super gostosa e fazem a nossa história. Essa do bote é inesquecível. Saudade de velejar, aqui todos os barcos estão em manutenção há um ano. rsrs O laser é muito mais instável e menos família. Esse Boato vai dar o que falar. Acho que iremos para aí nas férias de julho e então poderemos dar uma volta se não tiver muito frio! Beijos e aproveite! Tata

Unknown disse...

Bem divertida a narrativa. Parabéns pelo Dingue e pela família !

O local também é lindo, conheço esse condomínio. Também são moradores do Sahy? Se tiverem facebook fiquem a vontade para nos visitar:
https://www.facebook.com/groups/moradoresdosahy/