quinta-feira, 20 de maio de 2010

GUERRA FRIA

Colégio Pentágono - 1985
A guerra fria estava sendo explicada em um dos capítulos do meu livro de geografia, e, para ilustrar o assunto, nosso dedicado professor resolveu exibir um desenho sobre o tema. Se não me falha a memória o título era BUM!, e mostrava, desde os tempos das cavernas, a corrida armamentista, terminando com a bipolarização do poder mundial entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética. O desenho terminava chamando a atenção de todos para os perigos e a fragilidade daquela situação, com um camundongo acionando o botão vermelho responsável pelos disparos dos mísseis de uma das partes, e a outra superpotência retaliando, disparando também os seus. Ocorrendo então um grande BUM! em nosso planeta.

Com treze anos de idade e bastante mexido com aquelas imagens, eu, que sempre fui metido a escrever uns versos, rabisquei uma poesia e a entreguei ao inspirador professor. Ele a leu, disse que estava legal e continuou a aula.

Após algumas semanas, no dia da avaliação de geografia, comecei a perceber, logo assim que as primeiras folhas começaram a ser distribuídas, um burburinho em nossa classe e que vários olhares sorriam em minha direção. Lembro-me bem dos minutos de aflição que passei, pois estava sentado na carteira do meio da fileira do meio. Não sei se foi assim, mas, com certeza, se fosse um filme, e na minha cabeça agora é, a minha prova foi a última a ser entregue, estendendo ao máximo aquela curiosidade angustiante que eu sentia.

Logo na primeira página, introduzindo a questão e ainda com direito à denominação de poeta pelo nosso carinhoso professor, o meu nome em destaque, orgulhoso, assumindo a autoria da poesia.

Mas a história não acaba por aí. Ao sair da sala, todo bobo, com vários colegas me parabenizando pelas escadas, fui abordado por uma menina:

- Oi, você que é o Nelson?

Perguntou-me a jovem Elika Takimoto, hoje minha esposa.

Obrigado,  
professor Márcio,
muito obrigado.


GUERRA FRIA

(como foi escrita, sem correções)

Enquanto eles lutam
Enquanto eles se matam
Enquanto nos machucam
Enquanto eles se armam

Tudo morre
Tudo estraga
Tudo é podre
Tudo é arma

E esta Guerra Fria
Está se tornando bem quente
Poderemos morrer todos
Por um simples acidente

Atenção todos os povo
Temos que segurar essa gente
Das grandes e incríveis potências
Pessoas malucas, doidos presidentes
Depois de verem todos mortos
Quero ver se se arrependem

6 comentários:

Elika Takimoto disse...

Me apaixonei pelo poeta. Assim que o li pela primeira vez.

Para todo o sempre.

Vida longa ao Márcio!

Anônimo disse...

Nossa, como você produziu nessa temporada. E cada vez MELHOR.
Te amo
Deise

Nelson Borges disse...

Deise,
Você ainda não viu nada,

:-)

tô guardando um conto para o último dia de embarque, me diverti muito escrevendo,

O MENINO DE VESTIDO

beijos

PS. Acabei de fazer um poema sobre o carnaval, chama-se A FESTA DO CÃO, já-já eu posto.

mais beijos

Unknown disse...

filhão..estou emocionada da mesma maneira que fiquei quando recebi essa sua prova. Voltei todo o nosso passado e cada vez tenho mais orgulho de voce.Que pena que não tenho mais essas folhinhas de prova que guardei com tanto carinho e não sei onde foram parar. Mas que bom poder relembrar tudo isso! Te amo. Mãezona

Anônimo disse...

Caro Nelson, aqui é o Marcio, o tal profº de Geografia do desenho 'Bum', do saudoso grupo do Colégio Pentágono 1985.

Que presente você me deu!!!

Fiquei emocionado com o seu depoimento no texto "Guerra Feria", outros tempos, outras guerras.

Que saudades dos amigos de então, da sorridente Bete de biologia, do atrapalhado e escandaloso Alfredo de desenho, do cumpadre Naza e sua brilhante aula de geografia, do sensível Fred e do eterno e fraterno companheiro de sempre Buaiz.

Como é importante essa nossa profissão de professor. Que responsabilidade, pois podemos marcar a vida inteira de uma pessoa, para o bem ou para o mal. Felizmente neste caso foi super para o bem!

Um forte abraço para você, para Elika, esse amor de pessoa, e eterna felicidade para toda a sua família!

Prof. Márcio.

Nelson Borges disse...

Fala Marcio, tudo bem?
Aquela foi realmente uma época maravilhosa, e hoje eu percebo claramente a importância que diversos professores tiveram na minha formação, muito mais como ser humano do que academicamente falando. Espero que possamos nos ver em breve,
Abraços