quinta-feira, 23 de abril de 2009

ESSA TAL ADOLESCENCIA


Eu tenho um filho adolescente.

E já poderia acabar o texto de hoje por aqui. O resto ficaria a cargo de vocês, meus leitores, cidadãos do mundo, pais de filhos adolescentes que passam por coisas inimagináveis a cada dia, a cada dose de hormônio a mais injetada pela natureza em sua prole.

Fui jovem, fui adolescente sim, fui tudo o que meu filho é, até pior, mas nunca tinha sido pai de filho adolescente, isso não. Meu Deus do céu! É uma experiência totalmente nova, arrebatadora, e para quem acredita, um dos graus mais avançados da provação do ser humano em sua vida terrena.

Passar noites em claro com neném chorando de cólica? É moleza. Sentir na própria pele aquele monte de vacinas e injeções obrigatórias dos primeiros anos de vida? Conseguimos suportar. Acordar no meio da noite para ir à clínica pediátrica? Tiramos de letra. Correr com eles para a emergência mais próxima para imobilizar o membro contundido ou costurar qualquer parte do corpo devido aos primeiros tombos e quedas? Também deu para levar com certa facilidade. Agora isso não, pai de adolescente é demais da conta.

Nossos amigos, pais sobreviventes desta fase, que já conseguiram passar para a outra etapa, a das preocupações com faculdades, escolha profissional e outros problemas muito mais simples dos que os que passo agora, dizem que é assim mesmo, e por incrível que pareça, que vai piorar... Mas como? Não pode ser. Não tem como piorar. Se piorar é o fim do mundo, terceira guerra mundial, hecatombe nuclear. Dramático demais? Não sei não...

Bem... Olhando de fora, ao escrever minha carta de despedida, quer dizer, minha crônica diária, tudo parece normal, coisas da idade:

Estudar com a televisão ligada na MTV enquanto ao mesmo tempo conversa com os amigos no MSN, reponde aos scraps do ORKUT e treina acordes na guitarra que está devidamente conectada ao amplificador. Repetir a sétima série no ano em que descobre os prazeres do corpo, que dá o primeiro beijo, que se apaixona, começa a namorar, briga com a namorada e pensa que vai morrer e que não vai agüentar a dor que dilacera o seu peito. Deixar a televisão, o ventilador e as luzes ligadas em cada cômodo da casa em que passa; deixar a garrafa d’água fora da geladeira e sempre reclamar que nunca tem água gelada; ficar horas no banheiro cantando com o rádio ligado quando faltam quinze minutos para qualquer compromisso; não arrumar o quarto, nem o banheiro, nem nada, nunca. Tudo normal.

Realmente, olhando de fora, são coisas da idade. O problema é que eu não estou de fora! Estou do lado de dentro desse turbilhão, dessa febre de desejos, anseios, dúvidas, alegrias e angústias infinitas que nos comete essa tal adolescência. Só que agora eu estou do outro lado, não sou eu o adolescente.

Infelizmente...

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