terça-feira, 24 de outubro de 2017

O YPIÓCA ESTÁ BEM

Domingão tranquilo, um calor sem sol e após atividades físicas matinais, subitamente me deu uma sede de chope. Subi para tomar um banho e desci perguntando nos grupos do uotizap se alguém gostaria de comer pastéis de camarão comigo. Enquanto aguardava a resposta parei no Cervantes para uma caldereta com quatro dedos de creme, como de costume, e um sanduíche de salaminho com queijo prato, respaldado, é claro, por quase uma hora de tênis com meu meio irmão, Alberto, que chegou bem perto da vitória, mas ainda não foi dessa vez; fomos até o tai breique.

Por volta de dois terços do segundo chope recebo a seguinte mensagem da minha amiga de samba, cerveja e de confidências de decepções amorosas, Thaís Velloso.

- Samba com Chico Alves na Folha Seca, bora?

- Partiu!

Cheguei na Ouvidor alguns minutos antes da minha companheira e encontrei um conhecido em comum, que por motivos que serão expostos no desenrolar da história omitiremos o nome, ficando denominado a partir de agora pela alcunha de Ypióca devido sua predileção pela famosa aguardente de cana de Fortaleza. Como o samba estava prestes a começar fui ficando por ali mesmo, na mesa do Ypióca, onde uma garrafa homônima de setecentos mililitros já não continha mais de quatrocentos àquela altura.

Peço uma cerveja e dois copos já prevendo a chegada da minha parceira etílica-cultural que não falha e junta-se a nós antes mesmo do garçom voltar. Sirvo nossos copos o os levantamos acima das nossas cabeças como se fôssemos brindar a algo de suma importância; balbuciamos algumas palavras incompreensíveis quando Thaís dá uma gargalhada e apontando para o Ypióca com os olhos dispara, esse aí já está brindando desde cedo; e eu arremato, daqui a pouco deita ali no cantinho e dorme na calçada mesmo.

Como profecia, depois de mais uns três sambas do Mestre Marçal, e a garrafa já abaixo da metade, nosso valente cearense se levanta sem largar seu copinho de cachaça, mais aleatório que os eventos descritos no Andar de Bêbado e milagrosamente chega à calçada; ameaça sentar, mas se deita. Os amigos ao redor que já conhecem a peça correram para socorre-lo de vexame maior, não sem antes registrar a cena e enviar para os grupos comuns das redes sociais. Ypióca é levado carregado para dentro da livraria mais charmosa do Rio para um descanso providencial. A turma da roda não perdoa e inicia uma sequência de sambas sobre o tema.

Após algumas cervejas geladas e sambas quentes o domingo vai saindo de fininho, à francesa, debaixo de chuva, assim como eu, deixando para trás mais algumas crônicas desse maravilhoso ambiente que tentarei compartilhar aqui em breve, pois ao entrar na Folha Seca para verificar o estado da figura acabei esbarrando com os novos livros do Aldir que comprei de imediato, já estou devorando e me animaram a escrever novamente.

Ah, o Ypióca está bem, já foi visto todo serelepe num outro samba na segunda-feira.

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