sexta-feira, 13 de março de 2015

SAL DE POESIA

Foi no voo leve de uma gaivota
Que ficou perdido este meu olhar
E no pensamento de poder voar
Atirei-me ao céu numa cambalhota

Flutuei no rastro de uma ventania
Que passara ao norte um segundo atrás
E na carona morna percebi a paz
Decidi, pra sempre pássaro eu seria

Porém, a gaivota se lançou ao mar
Num mergulho reto sem hesitação
Quem perdeu na vida uma grande paixão
Pensa mais um pouco sobre mergulhar

Mas a vida segue num só movimento
Pois é para a frente que devemos ir
Enxuguei meu pranto antes de partir
E atravessei as nuvens desse pensamento

Ao tocar a água já me transformei
Neste ser marinho que agora sou
Este oceano tanto me encantou
Que decidi, pra sempre peixe eu serei

Talvez o futuro tenha uma surpresa
E a correnteza me jogue na areia
Aproveitando a lua e a maré cheia
Inverta um mergulho de ponta cabeça

Então eu volto a ser menino um dia
Recuso aquele beijo e mudo este final
Talvez até consiga me livrar do sal
Que transborda hoje em minha poesia

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